sexta-feira, 16 de agosto de 2019

1ª SÉRIE - Barroco, o que é, contexto histórico e características

O Barroco é um estilo artístico que modificou a forma de se produzir literatura, arquitetura, pintura e música na Europa do século XVII.


O Barroco é um estilo que influenciou a literatura, arquitetura, pintura e música na Europa do século XVII. Por essa razão, a cultura produzida nesse período leva o nome de barroca

O Barroco apareceu no final do Renascimento e caracterizava-se pelos exageros e ostentação. Destacam-se os templos ricamente ornamentados, com altares suntuosos e esculturas quase reais.

Grandes artistas se ligaram a esse estilo e produziram obras magníficas, como Caravaggio e Bernini. No Brasil, o maior destaque tem que ser dado a Aleijadinho, já que criou uma arte bem brasileira.

Características do Barroco

O Período Barroco se caracterizou por algumas particularidades, como a supervalorização dos detalhes. Mas havia também uma arte bem exagerada, além de rebuscada e marcada pelas contradições. O Barroco deu ênfase ao que era complexo, sensual e obscuro.

Todo o requinte do Barroco é consequência da dualidade entre o terreno e o celestial. Há o homem que caracteriza antropocentrismo, assim como um Deus no teocentrismo. Nas diversas formas de expressão barroca estão bem presentes a fase do pecado e o posterior perdão.

A literatura portuguesa e espanhola
Foi na Espanha que surgiram os grandes escritores e poetas barrocos. Merecem destaque: Cervantes, Gôngora, Quevedo, Lope de Vega, Calderón, Tirso de Molina, Gracián e Mateo Alemán.

Esses gênios da literatura produziram verdeiras obras de arte, tendo publicado no século XV

II. Mais tarde o estilo peculiar dos livros se espalhou pela Europa toda e virou um estilo literário.

Já em Portugal o Barroco literário se firmou entre os anos de 1508 a 1756. Seu autor mais mencionado foi o Padre Antônio Vieira, embora tenha morado no Brasil, com a obra: “Os Sermões”.

Outros portugueses foram o padre Manuel Bernardes, Francisco Rodrigues Lobo e D. Francisco Manuel de Melo.

O Barroco brasileiro

Foi na virada do século XVI que o Barroco chegou ao Brasil, posto que foi trazido pelos religiosos católicos. Com os jesuítas esse estilo se espalhou primeiramente pela Bahia, com destaque para os templos.

Depois o Barroco foi para Minas Gerais, onde o representante de maior destaque foi Aleijadinho (1738-1814). Suas obras de arte estão espalhadas por diversas igrejas mineiras, posto que ele criou uma identidade própria barroca.

Na literatura se destacaram vários escritores de renome, donde citamos Gregório de Matos e Bento Teixeira. Mas é primordial citar igualmente Manuel Botelho de Oliveira e os freis Vicente de Salvador e Manuel da Santa Maria de Itaparica.

Cultismo e Conceptismo

O cultismo e o conceptismo são dois estilos literários que foram muito explorados no período do barroco. Enquanto o primeiro valoriza a forma textual, o segundo valoriza o conteúdo.

Cultismo

O cultismo significa “jogo de palavras”. Também é chamado de Gongorismo, pois foi inspirado nos textos do poeta espanhol Luis de Góngora (1561-1627).
Esse estilo utiliza a descrição, termos cultos (preciosismo vocabular), linguagem rebuscada e ornamental para expressar as ideias.
Além do uso desses termos, o cultismo valoriza os detalhes e a forma textual. É comum o uso de diversas figuras de linguagem (hipérbole, sinestesia, antítese, paradoxo, metáfora, etc.).
Para compreender melhor essa tendência literária, veja abaixo um soneto do escritor barroco Gregório de Matos:
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.
Conceptismo
O conceptismo significa “jogo de ideias”. Também é chamado de Quevedismo, pois foi inspirado na poesia do poeta espanhol Francisco de Quevedo (1580-1645).
Nessa vertente literária, a retórica aprimorada bem como a imposição de conceitos é notória, a qual se produz através da apresentação de diversas ideias.
Sendo assim, o conceptismo é definido pelo uso de argumentos racionais, ou seja, do pensamento lógico, valorizando sempre o conteúdo textual.
O objetivo principal dos escritores conceptistas era o de convencer o leitor além de instruí-lo por meio de diversos argumentos.
Em relação ao cultismo, que prezava pela descrição e o exagero, o conceptismo preferia a concisão.
Além do raciocínio lógico, duas importantes características desse estilo eram:
  • Silogismo: baseado na dedução, o silogismo apresenta duas premissas que geram uma terceira proposição lógica.
  • Sofisma: baseado no argumento lógico, o sofisma gera uma ilusão de verdade. Isso porque está associado a algo enganoso que parece real, uma vez que utiliza argumentos verdadeiros.
Entenda mais sobre esse estilo literário com o exemplo abaixo em que Padre Antônio Vieira critica o estilo cultista:
“(...) Será porventura o estilo que hoje se usa nos púlpitos? Um estilo tão empeçado, um estilo tão dificultoso, um estilo tão afetado, um estilo tão encontrado toda a arte e a toda a natureza? Boa razão é também essa. O estilo há de ser muito fácil e muito natural. Por isso Cristo comparou o pregar ao semear. (...) Não fez Deus o céu em xadrez de estrelas, como os pregadores fazem o sermão em xadrez de palavras. Se uma parte está branco, da outra há de estar negro (...). Basta que não havemos de ver um sermão de duas palavras em paz? Todas hão de estar sempre em fronteira com o seu contrário? (...) Como hão de ser as palavras? Como as estrelas. As estrelas são muito distintas e muito claras. Assim há de ser o estilo da pregação, muito distinto e muito claro.”

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