Realismo na Literatura
O ano chave para o movimento foi 1857, que abrigou o lançamento do romance social Madame Bovary, de Gustave Flaubert. Os realistas eram um grupo bastante heterogêneo e com particularidades dissonantes, de toda forma é possível encontrar alguns pontos de convergência.Os artistas tinham como principais características comuns o anseio por uma verossimilhança (aproximação máxima com a realidade) e a negação de tudo o que fosse fantástico ou não plausível. A meta era alcançar uma objetividade, um racionalismo ideológico e científico.Em termos de ambientação, via de regra os realistas narravam paisagens urbanas e contemporâneas (aos realistas não interessava a prisão do passado nem a abstração do futuro). Os artistas procuravam estabelecer em suas obras um maior vínculo com a sociedade, ansiavam por uma representação mais objetiva e direta. Em termos estéticos, ambicionavam alcançar uma perfeição formal.
O realismo como uma oposição ao romantismo
O realismo foi uma reação vigorosa contra o romantismo, movimento que o antecedeu. Enquanto os românticos pregavam a subjetividade e a verdade individual, os realistas almejavam a objetividade e a verdade universal.
Os românticos enfatizavam a emoção e o sentimento e idealizavam a mulher amada. Os realistas, por sua vez, valorizavam a inteligência, a razão e procuravam retratar a amada também com os seus defeitos.
A própria linguagem utilizada é um sinal do abismo que separa os dois grupos: os românticos investiam em uma linguagem poética e metafórica, os realistas em uma linguagem simples e direta.
Eça de Queirós, escritor português realista, sintetiza a postura do movimento:
"O Realismo é uma reação contra o Romantismo: o Romantismo era a apoteose do sentimento - o Realismo é a anatomia do caráter. É a crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios olhos - para condenar o que houve de mau na nossa sociedade." Eça de Queirós
Principais obras literárias realistas europeias
- Madame Bovary, de Gustave Flaubert (França)
- O crime do padre Amaro, de Eça de Queirós (Portugal)
- Crime e castigo, de Fiódor Dostoiévski (Rússia)
- Os sonetos, de Antero de Quental (Portugal)
- O Tio Goriot, de Honoré de Balzac (França)
- Guerra e Paz, de Liv Tolstói (Rússia)
Realismo literário no Brasil
O ano que marcou o princípio do realismo no Brasil foi 1881, com a publicação do romance Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. Considera-se como marco final do realismo no Brasil o ano de 1902, com o lançamento do livro Canaã, de Graça Aranha.
Contexto histórico no Brasil
Ao contrário do que se passava na Europa, o Brasil ainda era um país nada industrializado (aliás, tratava-se de uma nação majoritariamente agrícola), escravocrata e monarquista.
A partir de 1850, no entanto, ganha peso a campanha abolicionista e a monarquia começa a perder força com a Guerra do Paraguai (passada entre 1864 e 1870). Os autores brasileiros realistas - tais como Raul Pompeia, Machado de Assis e Aluísio Azevedo - declararam-se abertamente anti-monárquicos.
Principais obras literárias realistas brasileiras
- Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis
- O cortiço, de Aluísio Azevedo
- O ateneu, de Raul Pompeia
Realismo nas artes visuais
O pintor francês Gustave Courbet foi um dos precursores do realismo na pintura, tendo sido considerado o mentor do realismo social. Sua preocupação central era com a classe proletária e com os problemas sociais decorridos a partir da industrialização.
Uma de suas telas mais famosas chama-se Os quebradores de pedras e foi pintada em 1849.
Outro nome importante para o realismo nas artes visuais foi o pintor francês Honoré Daumier. A sua pintura em óleo sobre tinta tinha uma forte preocupação social, um exemplo típico do seu trabalho é a tela Carruagem de terceira classe, pintada em 1864, que ilustra a face cansada dos trabalhadores.
O artista alemão Hubert von Herkomer, também adepto do realismo social, pintou outro quadro igualmente expressivo intitulado Em greve (1891).
Não só na pintura podemos observar traços do realismo social, na escultura também é possível encontrar uma série de manifestações de artistas engajados.
Um dos mais famosos escultores foi Auguste Rodin e uma de suas peças mais celebradas é a enorme escultura Os burgueses de Calais, concebida pelo escultor francês em 1889.
Nenhum comentário:
Postar um comentário